Como Redigir Um Laudo Pericial: Um Guia Prático
Denilson Dionisio
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12 de fevereiro de 2024

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Denilson Dionisio

Descubra como redigir um laudo pericial de acordo com os requisitos estabelecidos pelo Código de Processo Civil

A jornada do perito judicial é repleta de desafios e aprendizados constantes. Desde o momento em que aspiramos à nossa primeira nomeação, nos deparamos com uma série de interrogações: Como posso efetuar meu cadastro no Tribunal de Justiça? De que maneira devo elaborar minha proposta de honorários? Como lidar com uma impugnação de honorários periciais? Essas questões são apenas o começo.

Após sermos designados para uma perícia e concluirmos a análise técnica ou científica, emerge uma dúvida crucial que acompanha até mesmo os mais experientes: Como redigir um laudo pericial que, além de atender aos requisitos do Código de Processo Civil (CPC), apresente fundamentação técnica detalhada e contribua de forma decisiva para a resolução do litígio?

A redação de um laudo pericial é um elemento chave no processo judicial, pois oferece ao Juízo uma base sólida e técnica para tomar decisões fundamentadas. Dessa forma, este artigo visa desmistificar o processo de redação de um laudo pericial, guiando-o através de cada etapa com base nas exigências do CPC e enriquecendo a discussão com um exemplo prático de Ação de Desapropriação.

1. O que diz o CPC?

O art. 473 do CPC estabelece que o laudo pericial deverá conter:

Art. 473. O laudo pericial deverá conter:

I – a exposição do objeto da perícia;

II – a análise técnica ou científica realizada pelo perito;

III – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se originou;

IV – resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.

Mas o que isso significa? Vamos descobrir.

1.1 Exposição do objeto da perícia

O objeto da perícia refere-se à questão específica sobre a qual o perito judicial deve realizar sua análise técnica ou científica. Para uma melhor compreensão, vamos dividir este tópico em duas partes distintas:

a) O objeto da perícia: aqui, especificamos o objeto do exame, vistoria ou avaliação, ou seja, o elemento sobre o qual foi conduzida a perícia.

b) O objetivo da perícia: neste item, explicamos o propósito da perícia, que é responder a questões de fato e prover ao Juízo informações técnicas e científicas essenciais para fundamentar decisões judiciais. Geralmente, na Decisão de Organização e Saneamento do Processo, o Juízo define as questões jurídicas do caso e os pontos controvertidos. É neste momento que também se especificam as questões fáticas a serem esclarecidas pela prova pericial.

Por exemplo, em uma Ação de Desapropriação, um dos pontos controversos pode ser a definição do valor da indenização devida ao proprietário do imóvel a ser desapropriado. Assim, o objetivo da perícia seria estabelecer o valor justo de indenização.

Por sua vez, o objeto da perícia é o imóvel objeto da desapropriação. Exemplo: “O lote nº 1, da quadra A, do Loteamento Vila da Perícia, registrado sob o nº 123 no 5º Ofício de Registro de Imóveis de Curitiba/PR”.

1.2 Análise técnica ou científica realizada pelo perito

Ao redigir o laudo pericial, o perito judicial é incumbido de detalhar as análises técnicas ou científicas que empreendeu para elucidar as questões de fato pertinentes ao caso.

Retomando o exemplo da Ação de Desapropriação, o perito deve expor as análises efetuadas para estabelecer o valor justo de indenização. Essas análises podem abranger estudos sobre a localização do imóvel em questão e outras características significativas, tais como a topografia, o tipo de solo, eventuais restrições ambientais e as benfeitorias existentes, com o objetivo de identificar as variáveis que afetam o valor do imóvel.

1.3 Indicação do método utilizado

Na redação do laudo pericial, o perito deve descrever o método utilizado para chegar às suas conclusões, o qual deve ser amplamente aceito pelos especialistas da área.

Em nosso exemplo sobre a perícia em Ação de Desapropriação, o método adotado para avaliar o valor do imóvel pode ser o Método Comparativo Direto de Dados de Mercado, conforme as normas NBR 14653-1, 14653-2 (para imóveis urbanos) e 14653-3 (para imóveis rurais) estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

1.4 Resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados

Ao concluir o laudo pericial, o perito deve fornecer respostas claras, objetivas e conclusivas a todos os quesitos apresentados pelas partes, pelo Juízo e pelo Ministério Público, fundamentadas em sua análise técnica ou científica.

Considerando nosso exemplo de Ação de Desapropriação, no qual o réu apresenta o seguinte quesito: “1. Qual o valor justo da indenização devida ao requerido pela desapropriação do imóvel objeto da ação?”

É esperado que a resposta ao quesito seja direta e fundamentada, por exemplo: “Resposta: O valor justo da indenização devida ao requerido pela desapropriação do imóvel objeto da ação é de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais)”.

2. Conclusão

Perito, a caminhada nas estradas da perícia judicial pode parecer desafiadora no início, mas com as ferramentas e conhecimentos certos, torna-se uma jornada enriquecedora e profissionalmente gratificante. Este guia buscou ensiná-lo como redigir um laudo pericial, destacando as etapas do artigo 473 do Código de Processo Civil.

Lembramos que, embora o exemplo empregado tenha sido uma Ação de Desapropriação, os princípios e etapas aqui discutidos aplicam-se a uma ampla gama de situações periciais. Cada laudo pericial é único, refletindo as particularidades do caso em análise, mas todos devem seguir os requisitos estabelecidos pelo CPC para assegurar sua validade e eficácia no suporte à decisão judicial.

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