Quanto ganha um perito judicial? É possível receber R$20.000,00 por mês com perícias judiciais?

Essas foram as perguntas que recebi enquanto interagia com a minha comunidade no Instagram.

A pergunta parecia simples, mas envolvia diversas variáveis e nuances.

Essa indagação me fez mergulhar no mundo da perícia judicial para trazer a vocês uma resposta mais completa e, com base nisso, decidi criar este artigo.

Assim, irei apresentar alguns fatores que considero importantes na determinação da remuneração do perito judicial.

1. Complexidade da Perícia

Como em muitos campos profissionais, na perícia judicial, a complexidade do trabalho que você realiza tem impacto direto na sua remuneração. Enquanto perícias mais simples em pequenas disputas podem ter uma remuneração mais baixa, perícias técnicas complexas, especialmente em grandes casos cíveis, podem elevar significativamente seus honorários.

Além disso, os tribunais já possuem o entendimento de que os honorários do perito devem ser arbitrados levando-se em conta o grau de complexidade da prova, o tempo estimado para os trabalhos, além dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Dessa forma, a remuneração do perito judicial deve ser digna, mas também equilibrada de forma que não inviabilize a produção da prova técnica.

A complexidade, assim, não apenas define o trabalho do perito, mas também influencia diretamente na determinação de seus honorários e nas expectativas dos tribunais em relação à sua remuneração.

2. Localidade

A localização geográfica tem impacto direto nos honorários do perito. Grandes metrópoles, com uma densidade populacional maior, muitas vezes têm mais processos judiciais em andamento. Estas cidades apresentam uma gama variada de casos, desde os mais simples aos mais complexos.

Porém, é importante considerar o custo de vida nas áreas metropolitanas. Enquanto a demanda e o potencial de honorários mais elevados podem ser atraentes, os custos associados à vida em grandes cidades também são mais altos. Isso pode influenciar a expectativa de remuneração do perito judicial, equilibrando os benefícios aparentes de trabalhar em áreas de alta densidade.

Em contrapartida, em cidades menores, a demanda por perícias pode ser menor. No entanto, com a estratégia correta, um perito pode se estabelecer como referência na região, dominando nichos específicos e construindo uma reputação sólida, o que pode resultar em uma demanda estável e honorários consistentes.

3. Tabela do Tribunal (Casos de AJG)

Quando se trata de Assistência Judiciária Gratuita (AJG), é essencial entender que, em geral, os honorários do perito são tabelados. Independente da complexidade do caso, há um teto para quanto você pode ganhar. Embora possa parecer limitante, a consistência e o volume de casos de AJG podem tornar essa área bastante lucrativa a longo prazo.

Por exemplo, no Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, emprega-se a Resolução nº 232/2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a qual fixa a remuneração do perito judicial, no âmbito da Justiça de primeiro e segundo graus.

4. Tempo de Atuação

A remuneração do perito judicial é diretamente proporcional à sua experiência. À medida que o perito ganha experiência e constrói sua reputação, pode comandar honorários mais altos. A experiência traz não apenas habilidade, mas também redes de contatos e reconhecimento.

Além disso, ao passo que um perito judicial amadurece em sua carreira, ele também tem a oportunidade de se especializar em áreas específicas, tornando-se uma autoridade no assunto. Esta especialização pode abrir portas para casos mais complexos e de alto perfil, que frequentemente vêm com honorários mais elevados.

Outro benefício do tempo de atuação é a construção de um relacionamento sólido e confiável com os magistrados. Este relacionamento pode resultar em recomendações e, consequentemente, em uma maior quantidade de trabalhos. Ter um bom histórico de trabalhos bem realizados e uma postura profissional faz toda a diferença no mundo jurídico.

5. Tipo de Ação

Nem todas as ações judiciais têm a mesma remuneração. Grandes disputas ou ações que envolvam montantes significativos podem fazer com que os honorários do perito sejam mais altos em comparação com pequenas causas cíveis.

Dentro do universo da perícia judicial, existem ações que demandam uma investigação mais detalhada e minuciosa, como aquelas relacionadas a grandes disputas de terras, acidentes de grande proporção ou casos ambientais complexos. Estas demandam um conhecimento técnico mais aprofundado e muitas vezes envolvem uma série de desafios que justificam o aumento da remuneração do perito judicial.

Por outro lado, há ações mais rotineiras e diretas, como as relacionadas a questões imobiliárias ou avaliações mais simples. Embora possam oferecer honorários menores por caso, a frequência com que esses tipos de ações aparecem pode garantir uma renda consistente para o perito judicial. A diversificação nas áreas de atuação pode ser uma estratégia interessante para manter uma boa média de ganhos.

6. Volume de Trabalho

E, finalmente, não se trata apenas de quanto você ganha por trabalho, mas de quantos trabalhos você tem. Enquanto alguns peritos podem preferir se aprofundar em casos mais complexos e demorados, outros podem preferir um volume constante de pequenos casos, garantindo uma renda estável.

Ao explorar o mundo da perícia judicial, fica claro que existe um vasto potencial de ganhos, moldado por vários fatores. Como em qualquer profissão, preparação, networking, experiência e especialização são chaves para maximizar seus ganhos.

Conclusão

Decifrar “quanto ganha um perito judicial” não é uma tarefa simples, pois diversos fatores influenciam essa resposta. No entanto, com dedicação, formação contínua e uma boa rede de contatos, o potencial de ganho é atraente.

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